domingo, 2 de dezembro de 2007

Amor moralista

Você disse que me amava
Disse que não traía
Disse que não fingia
Disse que não me enganava

Porém, sua máscara caiu
A minha também ruiu
Pois eu também te enganava e traía
Dizia que te amava e fingia

Já estou farto da monogamia!
Esta falsa incorporada em nossos dias
Através da noção de propriedade
Instituída m nossa sociedade

Leitor, não se engane com o amor
Ele existe, mas acaba com o tempo
Não se esqueça que o desejo é um fervor
Que juntamente ao amor vira um tormento

Este amor que falo é moralista
Que diz: “reprima seus desejos
Esqueça que houve mais um ensejo
De livrar-se dessa relação absolutista”

Mas eu grito com a moral:
Tu és falsa e patriarcal!
Enquanto os homens se divertem na mutreta
As mulheres devem ouvir maridos picaretas

Agora, tu estás ruindo
Pois apesar de continuar o machismo
As mulheres traem, menos obedientes ao moralismo
Enquanto permaneço, disso tudo, rindo

Porém continuam os casais de aparências
Dos quais tive intensa experiência
E dos quais, leitor, deve fugir
Prefira os desejos, não fique só no sentir

Tomara que em algum tempo
Exista alguém que diga: “eu te amo”
Pois agora só dizem: “você é meu”
É desta apropriação que eu lamento

Espero que você, minha ex-amada
Tenha sido, por mim, a última a ser enganada
Gostaria que você pregasse o amor verdadeiro
Um amor com desejos afora, mas sempre companheiro.

(David Alves Gomes – 2005)

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