sábado, 31 de maio de 2008

Alfabeto social*

Autoridade ataca armada
Bestialidade, brinquedo, babaca
Comodidade corrói comunidade
Direitos, dignos desejos
Exija, encare, entenda
Faça força, funerais
Ganhe guerra, garra
Hodierna hipocrisia histórica
Indiferença, ignomínia inaceitável
Jaula jura justiça...
Liberdade, limite: libertação
Movimentos movem moinhos
Nação? Nada nosso
Operário oprimido: “onipresente”
Patrão protege propriedade
Quotidiano quase quente
Repressão: restaurar rota
Sociedade saqueia, sentencia
Trabalhador tem tarefas
Urgente união, ultimato
Virar vendaval, vencer
Xeque-mate: xilindró xenófilo
Zaga, zênite, zigoto-homem.


(David Alves Gomes – 31 de maio de 2008)


*Poema publicado em 2011 no livro IV Antologia de Poetas Lusófonos pela editora Folheto Edições & Design

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A Rosa a caminho

Sinta, mas não perceba
Tenha sede, mas não beba
Olhe, mas não seja rei
Viva, mas não burle a lei

Operário, no trabalho, explorado
Obediente ao patrão que não deve ser contestado
Prisão do posseiro deve ser aceita
Sistema diz que tudo endireita

Mulher não pode o homem trair
Enquanto o homem trai escondido e ri
Desejos sexuais devem ser camuflados
Moral machista mantém todos os cuidados

Lugar de negro pobre é no final
Lugar de gay é no hospital
Lugar de “infrator” é na cadeia
A exclusão a sociedade permeia

Porém nada é imutável
A sociedade é transformável
Os excluídos possuem voz ativa
O sistema está indo à deriva

Conquistas diárias é o primeiro passo
Conquistas profundas talvez precisem de aço
A práxis já está perfurando a rocha
A rosa do povo cada vez mais se desabrocha.

(David Alves Gomes – 28 de maio de 2008)

domingo, 25 de maio de 2008

A Vida

A vida é assim: cheia de perguntas e respostas a serem feitas e solucionadas. Ela, então, transforma-se numa grande dialética de interrogações: à medida que respondemos uma, sintetizamos uma lição de vida. Desta síntese surgem novas contradições que devemos solucionar.
Pois como disse o filósofo alemão Karl Marx: “Tudo que é sólido desmancha no ar”. As interrogações são sólidas, resistentes, mas nem por isso resistem à ação do tempo e do nosso aprendizado na vida.
Assim, surgirão novos pontos de interrogação, os quais serão novas fortalezas, mas que serão derrubadas pelo ciclone da dialética mais íntima, mais pessoal para nós: a nossa vida.
(David Alves Gomes - 2007)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Poema completo

Queria fazer um poema
Mas não consigo escrevê-lo
Um poema que retrate a realidade
E que tenha vivacidade

Que tenha um ritmo envolvente
E que minha vida oriente
Mas que fale de toda a humanidade
E que privilegie a diversidade

Um poema pessoal
Um poema universal
Um poema social

Transborde estas linhas, meu poema
Me caia como uma pena
Surja com o perfume de uma flor serena.


(David Alves Gomes – 30 de abril de 2008)
Licença Creative Commons
O trabalho Blog Vida e Dialetica de David Alves Gomes foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil.
Com base no trabalho disponível em vidaedialetica.blogspot.com.